quarta-feira, 8 de março de 2017

Algumas das Mulheres que fizeram a história de Caetité

Carmen Teixeira, irmã de Anísio, grande professora

Ao longo dos seus duzentos e sete anos Caetité teve grandes mulheres que se destacaram no passado e brilham no presente, construindo sua história, rompendo as barreiras do machismo, do patriarcado, dos preconceitos... Foram matriarcas, empresárias, políticas, mães: Mulheres com “eme” maiúsculo, que orgulham nossa terra e que o Caetité em Revista relembra neste 8 de março de 2017, Dia Internacional da Mulher.

Começamos pela viúva Joana São João que veio a se casar com o avô de Castro Alves, o herói da Guerra da Independência José Antônio da Silva Castro: ainda sob o domínio do Conde da Ponte, a quem pertenciam as terras cá do sertão, veio a ser ela a maior proprietária de fazendas do sertão; quando de seu espólio em 1844 deixara ela “mais fazendas de gado do que o Conde da Ponte, 12 anos antes”, como registrou o historiador Erivaldo Fagundes Neves. Esta heroína de tempos idos morreu de parto, junto ao único filho homem que tivera de seu segundo casamento.

Outra grande matriarca, cuja saga é retratada no livro “Mulheres de Dois Andares” da sua descendente Cida Fraga, foi “Donana do Sobrado”, assim chamada por morar na casa que hoje todos falamos ser a “de Anísio Teixeira”. Na família Fraga tivemos ainda nascida na Caetité do final do século XIX, a pintora Lucília Fraga, que fez nome em São Paulo.

Mulheres que viveram mais de cem anos, como a professora Emiliana Nogueira Pita – a quem a cidade deve seu Hino oficial, a escritora que tanto da história da cidade registrou Marieta Lobão Gumes ou a professora Agnalda Públio de Castro, história viva de Caetité e ainda entre nós. Não foi centenária, mas a história deste pedaço do sertão deve muito a Helena Lima Santos, que amou Caetité como se fosse sua.

Falamos do Anísio, mas não menos que ele foi sua irmã Carmen Spínola Teixeira, biografada por Zélia Bastos, e que entre suas alunas formou figuras inesquecíveis da nossa história como d. Idalina Vieira Cardoso, e que dirigiu a “Escola Parque” em Salvador durante muitos anos. Também irmã do Anísio foi d. Celsina Teixeira Ladeia, a quem Caetité deve seu Abrigo e Casa de Caridade: instituição que ganhou nas mãos bondosas de suas seguidores Tereza Neves Oliveira, Yeda Castro Neves e Yara Silveira (entre outras) o quase sagrado destino que lhe é reservado de cuidar de nossos idosos e crianças órfãs...

Um nome inesquecível e amoroso também se fez registrado numa bela biografia intitulada “Janelas da Alma” de Eliza T. de Andrade, que fala sobre a professora Elza Souza Teixeira Silveira, a Dona Elzinha a quem tantos devem um pouco de luz nesta terra.

Não seria justo não falar de Adelina Sabe-Ler que, vindo da roça do Pajeú, tinha este nome porque, exceção em seu tempo, conseguira ter as letras e sozinha criar a família com seu tino empresarial. Também empresária foi a viúva do aviador Guilherme Castro, dona Maria Pinho, cujo cinema encantou toda uma geração...

O texto se alonga, e passemos com ligeiros exemplos por todas as grandes professoras que deixaram seu legado na “terra da educação”, tais como as que já nos deixaram Eponina Gumes, Judite Cunha, Irany Castro, Altair Públio, Tereza Guanais, Ielita Cotrim e tantas outras que a lista seria interminável...

Sem as mulheres, anônimas ou não, não haveria o romântico Waldick Soriano a cantá-las pelo mundo afora!

Na política do passado se destacou Tereza Borges de Cerqueira, num legado que veio mais tarde encontrar guerreiras em figuras como Aneli Rodrigues e seu Movimento de Mulheres, e sobretudo na Dra. Maria de Fátima Silveira Oliveira, a ex-vice-prefeita, e a Dra. Jaquele Fraga, nossa atual.
Em seus 207 anos de emancipada a história caetiteense é rica em Grandes Mulheres. Mas sobretudo é nas batalhadoras anônimas que foram nossas bisavós, avós, mães, irmãs, esposas ou companheiras que temos todos, com saudável orgulho, o direito de nos fazermos verdadeiramente... caetiteenses, mesmo quando nascidos noutras partes do mundo.

À Mulher Caetiteense de todos os tempos, nossa humilde homenagem. À professora Marion Gomes, nossa eterna gratidão de filho, aluno e amigo. A minha filha Joanna, nossa esperança que já se fez mulher... Obrigado a TODAS VOCÊS.

   
   André Koehne.

Marion e sua neta Joanna.

6 comentários:

  1. Importante louvar a mulher, e louvando a mulher Caetiteense, Koehne, resgata a historia de vida de quem lutou e desenvolveu um trabalho digno e produtivo , quer na educação quanto em outras atividades a que se dedicaram. Palmas para o escritor e sua lembrança homenagem à mulher caetiteense no Dia Internacional da Mulher.

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    1. Obrigado, mestre Antônio. É sempre um prazer receber vossos comentários! Espero fazer por merecê-los. Um abraço.

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  2. Dona Marion!! Quem se atreveria em deixar passar 1 dia da data
    da entrega do livro na biblioteca?? Que se atreveria falar alto ou dobrar alguma página de um livro?? Baita mulher! Aprendi demais.. levo com muito carinho em minhas memórias de um tempo muito bom.

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  3. O texto só tem uma falta grave, digna de reparação: onde está minha tia Dagmar Prisco Vilasboas nesse texto? Figura fundamental na formação religiosa da cidade? Sempre à frente das festas da padroeira, queridíssima!

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    1. Humberto, neste particular muito deixamos de citar; como dona Cora, sogra da vossa tia; ou a matriarca D. Jacintha Borba da Silva, ancestral dela... Como dissemos no título: falamos apenas de "algumas" delas, pois a maioria infelizmente ficou "de fora" por termos de fazer ao cabo, um texto sucinto... Espero que possa nos perdoar. E obrigado por comentar.

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