Ao longo dos seus duzentos e sete anos Caetité teve grandes
mulheres que se destacaram no passado e brilham no presente, construindo sua
história, rompendo as barreiras do machismo, do patriarcado, dos preconceitos...
Foram matriarcas, empresárias, políticas, mães: Mulheres com “eme” maiúsculo,
que orgulham nossa terra e que o Caetité em Revista relembra neste 8 de março
de 2017, Dia Internacional da Mulher.
Começamos pela viúva Joana São João que veio a se casar com
o avô de Castro Alves, o herói da Guerra da Independência José Antônio da Silva
Castro: ainda sob o domínio do Conde da Ponte, a quem pertenciam as terras cá
do sertão, veio a ser ela a maior proprietária de fazendas do sertão; quando de
seu espólio em 1844 deixara ela “mais fazendas de gado do que o Conde da Ponte,
12 anos antes”, como registrou o historiador Erivaldo Fagundes Neves. Esta
heroína de tempos idos morreu de parto, junto ao único filho homem que tivera
de seu segundo casamento.
Outra grande matriarca, cuja saga é retratada no livro “Mulheres
de Dois Andares” da sua descendente Cida Fraga, foi “Donana do Sobrado”, assim
chamada por morar na casa que hoje todos falamos ser a “de Anísio Teixeira”. Na
família Fraga tivemos ainda nascida na Caetité do final do século XIX, a
pintora Lucília Fraga, que fez nome em São Paulo.
Mulheres que viveram mais de cem anos, como a professora
Emiliana Nogueira Pita – a quem a cidade deve seu Hino oficial, a escritora que
tanto da história da cidade registrou Marieta Lobão Gumes ou a professora
Agnalda Públio de Castro, história viva de Caetité e ainda entre nós. Não foi
centenária, mas a história deste pedaço do sertão deve muito a Helena Lima
Santos, que amou Caetité como se fosse sua.
Falamos do Anísio, mas não menos que ele foi sua irmã Carmen
Spínola Teixeira, biografada por Zélia Bastos, e que entre suas alunas formou
figuras inesquecíveis da nossa história como d. Idalina Vieira Cardoso, e que
dirigiu a “Escola Parque” em Salvador durante muitos anos. Também irmã do
Anísio foi d. Celsina Teixeira Ladeia, a quem Caetité deve seu Abrigo e Casa de
Caridade: instituição que ganhou nas mãos bondosas de suas seguidores Tereza
Neves Oliveira, Yeda Castro Neves e Yara Silveira (entre outras) o quase
sagrado destino que lhe é reservado de cuidar de nossos idosos e crianças órfãs...
Um nome inesquecível e amoroso também se fez registrado numa
bela biografia intitulada “Janelas da Alma” de Eliza T. de Andrade, que fala
sobre a professora Elza Souza Teixeira Silveira, a Dona Elzinha a quem tantos
devem um pouco de luz nesta terra.
Não seria justo não falar de Adelina Sabe-Ler que, vindo da
roça do Pajeú, tinha este nome porque, exceção em seu tempo, conseguira ter as
letras e sozinha criar a família com seu tino empresarial. Também empresária foi
a viúva do aviador Guilherme Castro, dona Maria Pinho, cujo cinema encantou
toda uma geração...
O texto se alonga, e passemos com ligeiros exemplos por
todas as grandes professoras que deixaram seu legado na “terra da educação”,
tais como as que já nos deixaram Eponina Gumes, Judite Cunha, Irany Castro,
Altair Públio, Tereza Guanais, Ielita Cotrim e tantas outras que a lista seria
interminável...
Sem as mulheres, anônimas ou não, não haveria o romântico
Waldick Soriano a cantá-las pelo mundo afora!
Na política do passado se destacou Tereza Borges de
Cerqueira, num legado que veio mais tarde encontrar guerreiras em figuras como Aneli
Rodrigues e seu Movimento de Mulheres, e sobretudo na Dra. Maria de Fátima
Silveira Oliveira, a ex-vice-prefeita, e a Dra. Jaquele Fraga, nossa atual.
Em seus 207 anos de emancipada a história caetiteense é rica
em Grandes Mulheres. Mas sobretudo é nas batalhadoras anônimas que foram nossas
bisavós, avós, mães, irmãs, esposas ou companheiras que temos todos, com saudável
orgulho, o direito de nos fazermos verdadeiramente... caetiteenses, mesmo
quando nascidos noutras partes do mundo.
À Mulher Caetiteense de todos os tempos, nossa humilde
homenagem. À professora Marion Gomes, nossa eterna gratidão de filho, aluno e
amigo. A minha filha Joanna, nossa esperança que já se fez mulher... Obrigado a
TODAS VOCÊS.
André Koehne.
Importante louvar a mulher, e louvando a mulher Caetiteense, Koehne, resgata a historia de vida de quem lutou e desenvolveu um trabalho digno e produtivo , quer na educação quanto em outras atividades a que se dedicaram. Palmas para o escritor e sua lembrança homenagem à mulher caetiteense no Dia Internacional da Mulher.
ResponderExcluirObrigado, mestre Antônio. É sempre um prazer receber vossos comentários! Espero fazer por merecê-los. Um abraço.
ExcluirDona Marion!! Quem se atreveria em deixar passar 1 dia da data
ResponderExcluirda entrega do livro na biblioteca?? Que se atreveria falar alto ou dobrar alguma página de um livro?? Baita mulher! Aprendi demais.. levo com muito carinho em minhas memórias de um tempo muito bom.
Obrigado por compartilhar as lembranças, Ana.
ExcluirO texto só tem uma falta grave, digna de reparação: onde está minha tia Dagmar Prisco Vilasboas nesse texto? Figura fundamental na formação religiosa da cidade? Sempre à frente das festas da padroeira, queridíssima!
ResponderExcluirHumberto, neste particular muito deixamos de citar; como dona Cora, sogra da vossa tia; ou a matriarca D. Jacintha Borba da Silva, ancestral dela... Como dissemos no título: falamos apenas de "algumas" delas, pois a maioria infelizmente ficou "de fora" por termos de fazer ao cabo, um texto sucinto... Espero que possa nos perdoar. E obrigado por comentar.
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